terça-feira, 10 de março de 2015

Escadas

Quantos de nós, para chamar o elevador, não carregam mais do que uma vez no botão? Quantos de nós não acreditam que o elevador chegará mais rápido assim? Quantos de nós não são iludidos?
Ocupamos grande parte da nossa vida a insistir em algo que tem um tempo certo, que não depende da nossa reincidência. Mas, se sabemos disto, porque insistimos? Porque resistimos?
Se amar é um sentimento, é um verbo também. E um verbo que faz juz à sua classificação, envolve acção. Envolve um movimento de cuidar, estimar e, até mesmo, de insistir. É por isso que carregamos várias vezes no botão do elevador, por ansiedade, por nos querermos aproximar (ou afastar), porque esperar o (im)possível cansa. Porque, erradamente, acreditamos que quanto menor a espera, melhor a viagem. Mas já carregámos várias vezes e ainda ali estamos à espera. Cabe-nos a nós saber quando parar de insistir. Se aquele elevador não chegar, temos as escadas. Mais atribuladas, mas que serão benéficas. Abandonamos o eu estático para dar lugar ao eu dinâmico. Porque se vale a pena, é se formos activos, se fizermos por mudar. Se pegarmos nos nossos pés e traçarmos o nosso caminho. Se chegamos mais rápido ou mais tarde não importa, desde que nunca paremos de deixar a marca das nossas pegadas por onde passemos, porque no final, é isso que importa, como ali chegámos. É por isto que vos peço, parem de carregar no elevador, vão de escadas, metam os pés na lama e calquem bem por onde passam.

- MM -

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