Não querias o amor. (…) Um dia ele cansa-se, pensavas. O amor não se
cansa – ao contrário de ti. E inventaste línguas para não dizeres o
amor. Inventaste países para te refugiares e viveres de ti. Declaraste
guerras a quem passava as tuas fronteiras. (…) Reinventaste o tempo para
que nunca fosse o momento certo, o minuto certo. (…) Achavas que não
havia mérito em jogos viciados. Achavas que o amor era um jogo viciado:
perdias sempre. (…) Um dia ele cansa-se, pensavas tu. Mas o amor não se
cansa, já te disse. O amor encontra-te. E podes esconder-te na neblina
da cidade, podes caminhar pelas ruas vazias de cabeça baixa, um dia ele
encontra-te. Um dia o relógio marcará a hora certa. Levanta a cabeça,
olha em frente: já está.
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